sábado, 16 de abril de 2011

Qual a importância do Projeto Literatura em minha casa?

Depoimentos por alunos do 9º ano C,

"O projeto nos traz um conhecimento maior do mundo, no prazer da leitura, no desenvolvimento da nossa interpretação e desempenho em público. Em declamar poemas, sabemos sentir o que o autor quis lhe passar,vivenciando o momento e repassando-o para os outros." Mayana Sena

"O projeto nos trouxe inúmeras descobertas como autores de que muitos alunos não conheciam, relatos e hstórias. Os livros nos encantam com o seu saber, as biografias nos emocionam pelo que esses autores fizeram para chegar até onde estão hoje." Crislane Mesquita

"O Projeto foi uma inovação que nossa professora Francisca nos trouxe para aprimorarmos o gosto pela leitura e escrita. O livro nos traz formas de conhecimento e ensinamentos para nossa vida, nos fez descobrir várias coisas sobre a vida e obras de vários autores e descobrir nossa paixão pela poesia." Natanael

"O projeto foi uma obra espetacular da professora Francisca, que nos fez conhecer mais sobre a vidade alguns autores e ainda melhor, nos incentivou a ler cada vez mais livros. Que o hábito de ler livros pode ser comparado com o hábito de comer, pois só ficamos satisfeitos quando enchemos a barriga, isso acontece na nossa mente". Higo Halan

"O projeto me ajudou a aperfeiçoar as minhas qualidades na escrita de textos e obras no geral. Nos estimulou a fazer regularmente a prática da leitura, hábito que quase nunca realizava. Com a leitura, ampliamos nosso vocabulário, nossos conhecimentos e nossa mente para coisas novas e eu agradeço a esse projeto por ter me aberto essa porta do conhecimento". Gilvam Ferreira

"Com o projeto, pude melhorar a escrita, e do mesmo modo constituição de frases. A leitura de um livro, texto ou até mesmo uma frase é como ir para outra cidade nova e descobrir coisas imagináveis,é como um romance com disputas de tirar o fôlego, e o melhor é que você pode criar as cenas na sua mente". Larissa Romão

sábado, 26 de março de 2011

O Velho e a Flor

Composição: Vinícius de Moraes / Toquinho / Bacalov
Recitado por Alana, aluna do 9º ano C


"Por céus e mares eu andei
Vi um poeta e vi um rei
Na esperança de saber o que é o amor
Ninguém sabia me dizer
E eu já queria até morrer
Quando um velhinho com uma flor assim falou:
O amor é o carinho
É o espinho que não se vê em cada flor
É a vida quando
Chega sangrando
Aberta em pétalas de amor"

sexta-feira, 18 de março de 2011

Abertura Oficial do Projeto Literatura em Minha Casa 2011

18 de março de 2011, a professora Francisca das Graças, EEF Pe. Abílio Monteiro Neto, deu início as atividades do projeto Literatura em minha casa, um salto para novas descobertas.
O público alvo do projeto são os alunos de 9º ano, no total de 120 discentes.

Confira, melhores momentos:

Frequência
Entrega de Marcador de livro e o símbolo "Eu sou leitor"

Símbolo "Eu sou Leitor" afixado à blusa, cor: Amarelo

Escolha dos livros

Música


Vídeo com a palestra "Motivação" de Daniel Godri

Exposição do Projeto e Plano de Trabalho - Prof.Francisca

Alunas Denise e Érica, com o poema "Meus amigos pelo mundo" de Edigar Santos

Alana recitando "O velho e a flor" de Vinicius de Moraes


Wigna recitando "Bons Amigos",Machado de Assis

Taiz recitando "Receita contra dor de amor" de Roseana Murray

Natanael recitando "Poema dos olhos da amada" de Vinícius de Moraes

Ilnara apresentando Vida e Obra de Moacyr Scliar, homenagem póstuma


Gilvam apresentando resumo da obra "O alienista" de Machado de Assis

Abigail apresentando resumo de "O rei que não sabia de nada" de Ruth Rocha


Higo Halan apresentando "O Santinho" de Luis Fernando Veríssimo

Luana Lessa apresentou "Individualismo", apólogo de própria autoria

Dramatização "Um Apólogo" de Machado de Assis





 
O Projeto incentiva a leitura e escrita, interpretação e produção textual. Cada aluno deverá apresentar uma ficha de resumo para cada livro lido, somando no fim do ano, no mínimo 10 livros.

Apólogo "Individualismo"

Certo dia, estava acontecendo uma numerosa reunião, na qual os lápis estavam discutindo a sua mera importância. Todos reclamavam a toda hora, sobre as ações conduzidas pelas borrachas.

- Não é certo o que está acontecendo. – disse o lápis vermelho - Nós lápis, somos obrigados a escrever, a desenhar e a rabiscar um montão de coisas. Enquanto as borrachas não estão nem aí. Elas apenas corrigem nossos erros, como se nós precisássemos delas.

-Também concordo – indagou o outro azul- Nós somos mais importantes, maiores. E não é certo termos que fazer o trabalho todo, enquanto aquelas preguiçosas ficam por ali deitadas curtindo a vida ...

E não parou por aí não, a confusão toda ainda estava começando. Já do outro lado da bolsa, as borrachas estavam também falando:

- Isso é uma calúnia, nós que sofremos demais. Somos nós borrachas que ficamos espremidinhas nas bolsinha do garoto, enquanto aqueles grandalhões ficam esticados e livres. Somos nós que fazemos o trabalho todo. Nós que corrigimos os erros deles ...

E antes mesmo de terminar a fala da borracha, já podia se ouvir os gritos das canetas brigando com os corretivos. Foi confusão pra todo lado, onde até mesmo o apontador se intrometeu:

- Cansei de viver fazendo a ponta de lápis. Eles nem ao menos agradecem o nosso favor. Sem nós, eles não poderiam escrever, teriam a vida mais curta do que já tem ...

E assim se foi, briga após briga. Até que ambos os lados entraram em um consenso. Decidiram então, fazer uma nova reunião para resolver o tal problema. De um lado a comissão das borrachas, do outro a dos lapis. Mais na frente às canetas sendo encaradas pelos corretivos. No meio os apontadores que apresentavam ser inimigos de todos. E lá no final da fila, um caderno velho que não disse uma sequer palavra ao decorrer da reunião.

Passaram-se horas e horas, até que então eles decidiram se dividir. Cada um faria o que quisesse, sem ser obrigado a nada. Ninguém mais teria que trabalhar em algo que não gostasse e muito menos teriam que depender um do outro. Pensando que tudo iria dar certo, eles concordaram. Mais isso seria apenas o começo de um novo problema.

Depois de alguns dias sem escrever nada, os lápis ficaram ocos. Os apontadores já não faziam mais pontas e assim enferrujaram. As borrachas então, estavam cada vez mais pretas e sujas. As canetas e os corretivos, nem se fala. Os dois ficaram fora de validade se tornando assim inúteis .

Era tempo de férias na escola. Foram quase dois meses sem ao menos se exercitar. Porém, chegando o dia de aula do menino, dono de todas as canetas, lapis, borrachas e corretivos que ali estavam, percebeu a grande inutilidade de todos. Esse objetos já não estavam como antes. Aparentavam ser velhos e sujos.

Resolveu então, trocá-los por coisas novas. E assim fez. Jogo-os no final da gaveta e os deixou trancados lá. Quando o menino saiu, todos começaram a gritar e a perguntar o que havia acontecido. E dessa vez, não aguentando mais a idiotice dos objetos, o caderno pois se a falar:

-Agora é tarde pra tanto choro. Vocês fizeram a maior besteira da suas vidas. Todos são importantes pelo trabalho e pela função que ocupam. Dependiam um do outro para seguirem firme na vida. Mais não pensaram assim. Resolveram se dividir e se separar. Agente não deve fazer só o que quer. E sim o que precisa. Estamos no meio de uma corrente, onde cada um é ligado ao próximo. Devemos agir de acordo como a vida determina, porque se algum momento você falhar os amigos e parente lhe corrigiram e o ajudaram a seguir. Mas se estivermos sós, pararemos e seremos esquecidos ou substituídos por outros demais.


Autora: Luana Lessa Sena - Aluna 9º C
Apólogo contado na abertura do Projeto Literatura em Minha Casa

terça-feira, 15 de março de 2011

Produção Textual

Baseados no Apólogo de Machado de Assis, a professora de Português Francisca das Graças, solicitou aos alunos do 9º ano a criação de apólogos para desenvolver a leitura, escrita, interpretação e produção textual.

Vejam a seguir:



Aluno: Bill Clinton Rocha Silva 9° ano C
A lousa e o Giz



Certo dia, a Lousa e o Giz, começaram a discutir quem surgiu primeiro.
O Giz disse:
-Fui eu.
A Lousa falou:
-Mentira quem surgiu primeiro fui eu.
-Porque se eu não existisse primeiro aonde você iria riscar?
O Giz respondeu:
-Primeiro me criaram, pensaram,pensaram, e disseram:agora vamos criar a Lousa!
A Lousa furiosa falou:
-Isso tudo é mentira.
O Giz desmentiu ela na mesma hora.
-É verdade, porque eu iria mentir.
-Pois vamos perguntar ao Apagador.
-Pois vamos Giz.
A Lousa foi logo falando:
-Apagador, quem surgiu primeiro fui eu ou o Giz?
-Eu não sei dizer Lousa porque eu nunca me fiz essa pergunta.
-Obrigada Apagador.
O Giz avistou o Pincel e foi falar com ele.
O Giz fez a mesma pergunta ao Pincel
-Pincel, quem surgiu primeiro fui eu ou a Lousa?
-Pra mim fui eu, não foi vocês.
Tiveram muita raiva e foram embora.
A Lousa falou:
-Giz vamos esquecer esse assunto e continuar sendo amigos.
-Tá certo, mais quem surgiu primeiro fui eu e ponto final.

Moral: A união é o que importa, pois temos que ter amigos, se não tivermos nossa vida estará incompleta.

 
 
 
 
Aluna: Gabriela Mendes Barros - 9º ano C

A Carne e a Unha

Um dia, a carne e a unha estavam brincando, como sempre, juntas. Se divertiam com várias brincadeiras , sendo que o inesperado aconteceu com a carne, pois, ao esconder-se, depara-se com um alfinete afiado dentro de uma caixinha. Mas nada aconteceu-lhe-a, pois sua amiga, a unha, não deixou que nada à deparasse.

Na escola, a professora propôs trabalhos de dupla sobre os animais vivos do ambiente. Marcou-se o dia em que seria realizada a tarefa e ao caminharem por um terreno, foram surpreendidas por uma imensa rocha. A carne, ao invés de proteger sua amiga, escondeu-se atrás dela. Essa por sua vez se machucou toda.

-- Por que tu fizestes isto comigo? Tanto que eu fiz por ti e nada tu fazes por mim! – chorou a unha.

A carne, toda sem graça, ficou arrependida e nunca mais falou com a unha, esta passou o resto de sua vida feia, torta e toda rachada.

Numa manhã, perguntaram a unha como estava a carne, e ela, com tristeza respondeu:

-- Não sei. Pois ela não era minha amiga, ela era minha sombra: só me seguia quando o sol brilhava.



Aluna: Juliana - 9º ano

O garfo e a faca



Certa manhã em uma cozinha bem aparelhada e organizada deu-se uma discussão entre o garfo e a faca, cada um querendo mostrar suas utilidades. O garfo muito elegante e reluzente disse para a faca.
-Somos vizinhos e companheiros de tantas horas, mais a minha função é saciar a fome de muita gente, por isso devo ter lugar de destaque na mesa.
A faca então respondeu:
-Querido amigo garfo, eu também faço isso, pois nestas ocasiões estou com você, portanto mereço também um lugar de honra.
O garfo muito firme disse:
-Não, você apenas corta, a comida fica no prato, a missão maior é a minha.
A faca retrucou:
-Mas você precisa da ajuda de alguém, você por si só, não faz nada.
O garfo, mais uma vez falou:
-É simples, se perguntares, a alguém qual de nós dois é mais necessário, a resposta é obvio vai ser eu.
A faca em sua simplicidade e com sua navalha pequena e quase não notável falou:
-Ora amigo garfo, seja mais humilde, veja minha utilidade não só na mesa, mas em muitas situações do dia-a-dia.
O garfo neste momento ficou analisando o que a faca tinha dito e falou:
-É,você tem razão, me desculpe pelo meu egoísmo e pensando bem você é bem mais útil do que eu.
O garfo falou amigavelmente:
-Não vamos mais falar de nossa capacidade e sim da nossa amizade e companheirismo de talheres, pois já enfrentamos juntos vários momentos de mau humor e palavras grosseiras que ouvimos ao cortar ou furar alguém sem querer.
Então, chegou alguém e os guardou em uma gaveta de um armário e lá eles ficaram a pensar silenciosamente, cada um tem sua importância dentro do seu espaço, capacidade e limites quem ninguém é mais importante que o outro, o que importa é a amizade e não o egoísmo.


Moral: Ninguém é mais importante de que ninguém !



Aluna: Paloma - 9º ano
O ferro e o cabide



Um ferro e um cabide viviam brigando, pois eles queriam saber qual dos dois era o mais importante e falavam.
- Eu sou o mais importante, pois eu passo a roupa para ela não ficar amarrotada.
O cabide respondeu.
- Eu é que sou o mais importante, sem mim a roupa iria ficar amassada e não daria para vestir.
Eles começaram a perguntar para saber qual deles era o mais importante, então eles perguntaram para a camisa.
- Camisa, qual de nós dois é o mais importante, eu ou o cabide?
A camisa sem saber o que fala permaneceu calada então o ferro falou.
- Claro que sou eu.
O cabide sem palavras também permaneceu calado. Então o ferro falou.
- Eu sou o mais importante por que você não enxergar que sou eu.
Permanecendo calado o cabide, quando eles ouviram a tábua falar.
- Vocês podem parar com isso eu estou ficando com dor de cabeça.
O ferro perguntou para a tábua qual era o mais importante.
A tábua falou.
- Os dois. Imagine se vocês não existissem como iriam ficar as roupas todas amassadas e aonde iriam empendurá-las, ficariam jogadas por ai. Depois do que a tábua tinha dito eles perceberam que os dois são importantes nem um é mais nem menos que o outro e assim eles pararam com a briga e ficaram amigos.


Moral-Nunca pense que você é melhor nem pior que outro, pois todos somos iguais.



Aluna: Andreza - 9º ano
As canetas

Um belo dia duas canetas brigando quem era mais bonita. A vermelha disse eu é que sou mais bonita e tenho uma linda cor,a azul revidou.
-Não, não, não eu que sou, mas bonita e faço lindos traços. Resolveram perguntar ao bocal, que nada respondeu.
-Hum, antipática. Disse a caneta vermelha.
A azul teve uma ótima idéia, quem o menino pegasse primeiro era a mais bonita,as duas concordaram.
Quando o menino chegou pegou o caderno, e depois a caneta vermelha, que logo falou:
-Eu que sou a mais bonita,em seguida pegou a caneta a azul que falou:
-Agora você vai ser guardada e eu vou ficar aqui,então eu que sou mais bonita.O pobre do caderno já com uma baita dor de cabeça disse:
-Calem a boca,mas antes alguém tem um remédio para dor de cabeça,olhem eu que sou mais bonito,eu que sou mais importante e sinceramente o mais caro,os dois com muita vergonha se calaram e voltaram a fazer seu trabalho.

Moral:Para evitar é melhor o silêncio.

O que é um apólogo?

O apólogo é uma narrativa cujas personagens são objetos antropomorfizados, e de onde se pretende tirar uma lição de moral. "Um apólogo" de Machado de Assis, possui como protagonista a agulha e a linha, as quais discutem sobre a utilidade. No final, a linha desdenha da agulha porque ela (a linha) iria acompanhar a dona do vestido nas festas e recepções, enquanto a agulha ficaria na caixinha de costura. " Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: - Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico." O narrador encerra da seguinte maneira : " Contei essa história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: - Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária.

Um Apólogo

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?
— Deixe-me, senhora.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...
A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:
— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!

Machado de Assis

Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9 - Contos", Editora Ática - São Paulo, 1984, pág. 59O que é um Apólogo?

terça-feira, 8 de março de 2011

As mulheres segundo Arnaldo Jabor

O cara faz um esforço desgraçado para ficar rico pra quê?
O sujeito quer ficar famoso pra quê?
O indivíduo malha, faz exercícios pra quê?
A verdade é que é a mulher o objetivo do homem.
Tudo o que eu quis dizer é que o homem vive em função de você.
Vive e pensa em você o dia inteiro, a vida inteira. Se você,mulher, não existisse, o mundo não teria ido pra frente.
Homem algum iria fazer coisa alguma na vida para impressionar a um outro homem, para conquistar um sujeito igual a ele, de bigode e tudo.
Um mundo só de homens seria o grande erro da criação. Já dizia a velha frase que "atrás de todo homem bem-sucedido existe uma grande mulher". O dito está envelhecido. Hoje eu diria que "na frente de todo homem bem-sucedido existe uma grande mulher".
É você, mulher, quem impulsiona o mundo.
É você quem tem o poder, e não o homem. É você quem decide a compra do apartamento, a cor do carro, o filme a ser visto, o local das férias. Bendita a hora em que você saiu da cozinha e, bem-sucedida, ficou na frente de todos os homens.
E, se você que está lendo isto aqui for um homem, tente imaginar a sua vida sem nenhuma mulher. Aí na sua casa, onde você trabalha, na rua.
Só homens.
Já pensou?
Um casamento sem noiva? Um mundo sem sogras?
Enfim, um mundo sem metas.

ALGUNS MOTIVOS PELOS QUAIS OS HOMENS GOSTAM TANTO DE MULHERES:

1- O cheirinho delas é sempre gostoso, mesmo que seja só xampu.
2- O jeitinho que elas têm de sempre encontrar o lugarzinho certo em nosso ombro.
3- A facilidade com a qual cabem em nossos braços.
4- O jeito que têm de nos beijar e, de repente, fazer o mundo ficar perfeito.
5-Como são encantadoras quando comem.
6-Elas levam horas para se vestir, mas no final vale a pena.
7- Porque estão sempre quentinhas, mesmo que esteja fazendo trinta graus abaixo de zero lá fora.
8-Como sempre ficam bonitas, mesmo de jeans com camiseta e rabo-de-cavalo.
9-Aquele jeitinho sutil de pedir um elogio.
10- Como ficam lindas quando discutem.
11- O modo que têm de sempre encontrar a nossa mão.
12- O brilho nos olhos quando sorriem.
13- Ouvir a mensagem delas na secretária eletrônica logo depois de uma briga horrível.
14- O jeito que têm de dizer "Não vamos brigar mais, não.."
15- A ternura com que nos beijam quando lhes fazemos uma delicadeza.
16- O modo de nos beijarem quando dizemos "eu te amo".
17- Pensando bem, só o modo de nos beijarem já basta.
18- O modo que têm de se atirar em nossos braços quando choram.
19- O jeito de pedir desculpas por terem chorado por alguma bobagem.
20- O fato de nos darem um tapa achando que vai doer.
21- O modo com que pedem perdão quando o tapa dói mesmo (embora jamais admitamos que doeu).
22- O jeitinho de dizerem "estou com saudades".
23- As saudades que sentimos delas.
24- A maneira que suas lágrimas tem de nos fazer querer mudar o mundo para que mais nada lhes cause dor.

Arnaldo Jabor

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Literatura de Luto

Aos 73 anos, morre escritor Moacyr Scliar

Morreu na madrugada de ontem o escritor gaúcho e imortal da Academia Brasileira de Letras(ABL) Moacyr Scliar.
bahianoticias.com.br  
"Acredito, sim, em inspiração, não como uma coisa que vem de fora, que "baixa" no escritor, mas simplesmente como o resultado de uma peculiar introspecção que permite ao escritor acessar histórias que já se encontram em embrião no seu próprio inconsciente e que costumam aparecer sob outras formas — o sonho, por exemplo. Mas só inspiração não é suficiente".

Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre (RS), no Bom Fim, bairro que até hoje reúne a comunidade judaica, a 23 de março de 1937, filho de José e Sara Scliar. Sua mãe, professora primária, foi quem o alfabetizou.  
Em 31 de julho de 2003 foi eleito, por 35 dos 36 acadêmicos com direito a voto, para a Academia Brasileira de Letras, na cadeira nº 31.
O escritor faleceu no dia 27/02/2011, em Porto Alegre (RS), vítima de falência múltipla de órgãos.   

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Crônicas de Arnaldo Jabor

Sempre odiei o que a maioria das pessoas fazem com os seus MSN's.

Não estou falando desta vez dos emoticons insuportáveis que transformaram a leitura em um jogo de decodificação, mas as declarações de amor, saudades, empolgação traduzidas através do nick.
O espaço 'nome' foi criado pela Microsoft para que você digite O NOME que lhe foi dado no batismo.
Assim seus amigos aparecem de forma ordenada e você não tem que ficar clicando em cima dos mesmos pra descobrir que 'Vendo Abadá do Chiclete e Ivete' é na verdade Tiago Carvalho, ou 'Ainda te amo Pedro Henrique' é o MSN de Marcela Cordeiro.
Mas a melhor parte da brincadeira é que normalmente o nick diz muito sobre o estado de espírito perfil da pessoa. Portanto, toda vez que você encontrar um nick desses por aí, pare para analisar que você já saberá tudo sobre a pessoa...
'A-M-I-G-A-S o fim de semana foi perfeito!!!' acabou de entrar. Essa com certeza, assim como as amigas piriguetes (perigosas), terminou o namoro e está encalhadona. Uma semana antes estava com o nick 'O fim de semana promete'. Quer mostrar pro ex e pros peguetes (perigosos) que tem vida própria, mas a única coisa que fez no fim de semana foi encher o rabo de Balalaika, Baikal e Velho Barreiro e beijar umas bocas repetidas.
O pior é que você conhece o casal e está no meio desse 'tiroteio', já que o ex dela é também conhecido seu, entra com o nick 'Hoje tem mais balada!', tentando impressionar seus amigos e amigas e as novas presas de sua mira, de que sua vida está mais do que movimentada, além de tentar fazer raiva na ex.
'Polly em NY' acabou de entrar. Essa com certeza quer que todos saibam que ela está em uma viagem bacana. Tanto que em breve colocará uma foto da 5ª Avenida no Orkut com a legenda 'Eu em Nova York'. Por que ninguém bota no Orkut foto de uma viagem feita a Praia-Grande - SP ?
'Quando Deus te desenhou ele tava namorando' acabou de entrar. Essa pessoa provavelmente não tem nenhuma criatividade, gosto musical e interesse por cultura. Só ouve o que está na moda e mais tocada nas paradas de sucesso. Normalmente coloca trechos como 'Diga que valeuuu' ou 'O Asa Arreia' na época do carnaval.
Por que a vida faz isso comigo?' acabou de entrar. Quando essa pessoa entrar bloqueie imediatamente. Está depressiva porque tomou um pé na bunda e irá te chamar pra ficar falando sobre o ex.
'Maria Paula ocupada prá c** ' acabou de entrar. Se está ocupada prá c**, por que entrou cara-pálida? Sempre que vir uma pessoa dessas entrar, puxe papo só pra resenhar; ela não vai resistir à janelinha azul piscando na telinha e vai mandar o trabalho pro espaço. Com certeza.
'Paulão, quero você acima de tudo' acabou de entrar. Se ama compre um apartamento e vá morar com ele. Uma dica: Mulher adora disputar com as amigas. Quanto mais você mostrar que o tal do Paulão é tudo de bom, maiores são as chances de você ter o olho furado pelas sua amigas piriguetes (perigosas).
'Marizinha no banho' acabou de entrar. Essa não consegue mais desgrudar do MSN. Até quando vai beber água troca seu nick para 'Marizinha bebendo água'. Ganhou do pai um laptop pra usar enquanto estiver no banheiro, mas nunca tem coragem de colocar o nick 'Marizinha matriculando o moleque na natação'.
> > > ' < . ººº< . ººº< / @ e $ $ ! -@ >ªªª . >ªªª >' acabou de entrar. Essa aí acha que seu nome é o Código da Vinci pronto a ser decodificado. Cuidado ao conversar: ela pode dizer 'q vc eh mtu déixxx, q gosta di vc mtuXXX, ti mandá um bjuXX'.
'Galinha que persegue pato morre afogada' acabou de entrar. Essa ai tomou um zig e está doida pra dar uma coça na piriguete que tá dando em cima do seu ex. Quando está de bem com a vida, costuma usar outros nicks-provérbios de Dalai Lama, Lair de Souza e cia.
'VENDO ingressos para a Chopada, Camarote Vivo Festival de Verão, ABADÁ DO EVA, Bonfim Light, bate-volta da vaquejada de Serrinha e LP' acabou de entrar. Essa pessoa está desesperada pra ganhar um dinheiro extra e acha que a janelinha de 200 x 115 pixels que sobe no meu computador é espaço publicitário.
'Me pegue pelos cabelos, sinta meu cheiro, me jogue pelo ar, me leve pro seu banheiro...' acabou de entrar. Sempre usa um provérbio, trecho de música ou nick sedutores. Adora usar trechos de funk ou pagode com duplo sentido. Está há 6 meses sem dar um tapa na macaca e está doida prá arrumar alguém pra fazer o servicinho.
'Danny Bananinha' acabou de entrar. Quer de qualquer jeito emplacar um apelido para si própria, mas todos insistem em lhe chamar de Melecão, sua alcunha de escola. Adora se comparar a celebridades gostosas, botar fotos tiradas por si mesma no espelho com os peitos saindo da blusa rosa. Quer ser famosa. Mas não chegará nem a figurante do Linha Direta.
Bom é isso, se quiserem escrever alguma mensagem, declaração ou qualquer coisa do tipo, tem o campo certo em opções 'digitem uma mensagem pessoal para que seus contatos a vejam' ou melhor, fica bem embaixo do campo do nome!! Vamos facilitar!!!!


Estamos com fome de amor


Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".
Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.
Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.
Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".
Antes idiota que infeliz!


O que é CRÔNICA?

Uma crônica é uma narração, segundo a ordem temporal. O termo é atribuído, por exemplo, aos noticiários dos jornais, comentários literários ou científicos, que preenchem periodicamente as páginas de um jornal.

Crônica é um gênero literário produzido essencialmente para ser veiculado na imprensa, seja nas páginas de uma revista, seja nas páginas de um jornal. Quer dizer, ela é feita com uma finalidade utilitária e pré-determinada: agradar aos leitores dentro de um espaço sempre igual e com a mesma localização, criando-se assim, no transcurso dos dias ou das semanas, uma familiaridade entre o escritor e aqueles que o lêem.

Veja algumas crônicas de Luiz Fernando Veríssimo:

Mulheres

"Certo dia parei para observar as mulheres e só pude concluir uma coisa: elas não são humanas. São espiãs. Espiãs de Deus, disfarçadas entre nós.
Pare para refletir sobre o sexto-sentido.
Alguém duvida de que ele exista?
E como explicar que ela saiba exatamente qual mulher, entre as presentes, em uma reunião, seja aquela que dá em cima de você?
E quando ela antecipa que alguém tem algo contra você, que alguém está ficando doente ou que você quer terminar o relacionamento?
E quando ela diz que vai fazer frio e manda você levar um casaco? Rio de Janeiro, 40 graus, você vai pegar um avião pra São Paulo. Só meia-hora de vôo. Ela fala pra você levar um casaco, porque "vai fazer frio". Você não leva. O que acontece?
O avião fica preso no tráfego, em terra, por quase duas horas, depois que você já entrou, antes de decolar. O ar condicionado chega a pingar gelo de tanto frio que faz lá dentro!
"Leve um sapato extra na mala, querido.
Vai que você pisa numa poça..."
Se você não levar o "sapato extra", meu amigo, leve dinheiro extra para comprar outro. Pois o seu estará, sem dúvida, molhado...
O sexto-sentido não faz sentido!
É a comunicação direta com Deus!
Assim é muito fácil...
As mulheres são mães!
E preparam, literalmente, gente dentro de si.
Será que Deus confiaria tamanha responsabilidade a um reles mortal?
E não satisfeitas em ensinar a vida elas insistem em ensinar a vivê-la, de forma íntegra, oferecendo amor incondicional e disponibilidade integral.
Fala-se em "praga de mãe", "amor de mãe", "coração de mãe"...
Tudo isso é meio mágico...
Talvez Ele tenha instalado o dispositivo "coração de mãe" nos "anjos da guarda" de Seus filhos (que, aliás, foram criados à Sua imagem e semelhança).
As mulheres choram. Ou vazam? Ou extravazam?
Homens também choram, mas é um choro diferente. As lágrimas das mulheres têm um não sei quê que não quer chorar, um não sei quê de fragilidade, um não sei quê de amor, um não sei quê de tempero divino, que tem um efeito devastador sobre os homens...
É choro feminino. É choro de mulher...
Já viram como as mulheres conversam com os olhos?
Elas conseguem pedir uma à outra para mudar de assunto com apenas um olhar.
Elas fazem um comentário sarcástico com outro olhar.
E apontam uma terceira pessoa com outro olhar.
Quantos tipos de olhar existem?
Elas conhecem todos...
Parece que freqüentam escolas diferentes das que freqüentam os homens!
E é com um desses milhões de olhares que elas enfeitiçam os homens.

EN-FEI-TI-ÇAM !
E tem mais! No tocante às profissões, por que se concentram nas áreas de Humanas?
Para estudar os homens, é claro!
Embora algumas disfarcem e estudem Exatas...
Nem mesmo Freud se arriscou a adentrar nessa seara. Ele, que estudou, como poucos, o comportamento humano, disse que a mulher era "um continente obscuro".
Quer evidência maior do que essa?
Qualquer um que ama se aproxima de Deus.
E com as mulheres também é assim.
O amor as leva para perto dEle, já que Ele é o próprio amor. Por isso dizem "estar nas nuvens", quando apaixonadas.
É sabido que as mulheres confundem sexo e amor.
E isso seria uma falha, se não obrigasse os homens a uma atitude mais sensível e respeitosa com a própria vida.
Pena que eles nunca verão as mulheres-anjos que têm ao lado.
Com todo esse amor de mãe, esposa e amiga, elas ainda são mulheres a maior parte do tempo.
Mas elas são anjos depois do sexo-amor.
É nessa hora que elas se sentem o próprio amor encarnado e voltam a ser anjos.
E levitam.
Algumas até voam.
Mas os homens não sabem disso.
E nem poderiam.
Porque são tomados por um encantamento que os faz dormir nessa hora."


Faleceu ontem a pessoa que atrapalhava sua vida...

Um dia, quando os funcionários chegaram para trabalhar, encontraram na portaria um cartaz enorme, no qual estava escrito:
"Faleceu ontem a pessoa que atrapalhava sua vida na Empresa. Você está convidado para o velório na quadra de esportes".
No início, todos se entristeceram com a morte de alguém, mas depois de algum tempo, ficaram curiosos para saber quem estava atrapalhando sua vida e bloqueando seu crescimento na empresa. A agitação na quadra de esportes era tão grande, que foi preciso chamar os seguranças para organizar a fila do velório. Conforme as pessoas iam se  aproximando do caixão, a excitação aumentava:
- Quem será que estava atrapalhando o meu progresso ?
- Ainda bem que esse infeliz morreu !
Um a um, os funcionários, agitados, se aproximavam do caixão, olhavam pelo visor do caixão a fim de reconhecer o defunto, engoliam em seco e saiam de cabeça abaixada, sem nada falar uns com os outros. Ficavam no mais absoluto silêncio, como se tivessem sido atingidos no fundo da alma e dirigiam-se para suas salas. Todos, muito curiosos mantinham-se na fila até chegar a sua vez de verificar quem estava no caixão e que tinha atrapalhado tanto a cada um deles.
A pergunta ecoava na mente de todos: "Quem está nesse caixão"?
No visor do caixão havia um espelho e cada um via a si mesmo... Só existe uma pessoa capaz de limitar seu crescimento: VOCÊ MESMO! Você é a única pessoa que pode fazer a revolução de sua vida. Você é a única pessoa que pode prejudicar a sua vida. Você é a única pessoa que pode ajudar a si mesmo. "SUA VIDA NÃO MUDA QUANDO SEU CHEFE MUDA, QUANDO SUA EMPRESA MUDA, QUANDO SEUS PAIS MUDAM, QUANDO SEU(SUA) NAMORADO(A) MUDA. SUA VIDA MUDA... QUANDO VOCÊ MUDA! VOCÊ É O ÚNICO RESPONSÁVEL POR ELA."
O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos e seus atos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença. A vida muda, quando "você muda".

Crônica nº. 1


Tanto neste nosso jogo de ler e escrever, leitor amigo, como em qualquer outro jogo, o melhor é sempre obedecer às regras. Comecemos portanto obedecendo às da cortesia, que são as primeiras, e nos apresentemos um ao outro. Imagine que pretendendo ser permanente a página que hoje se inaugura, nem eu nem você, — os responsáveis por ela, — nos conhecermos direito. É que os diretores de revista, quando organizam as suas seções, fazem como os chefes de casa real arrumando os casamentos dinásticos: tratam noivado e celebram matrimônio à revelia dos interessados, que só se vão defrontar cara a cara na hora decisiva do "enfim sós”.

Cá estamos também os dois no nosso "enfim sós" — e ambos, como é natural, meio desajeitados, meio carecidos de assunto: Comecemos pois a falar de você, que é tema mais interessante do que eu. Confesso-lhe, leitor que diante da entidade coletiva que você é, o meu primeiro sentimento foi de susto —, sim, susto ante as suas proporções quase imensuráveis. Disseram-me que o leitor de O CRUZEIRO representa pelo barato mais de cem mil leitores, uma vez que a revista põe semanalmente na rua a bagatela de 100.000 exemplares.

Sinto muito, mas francamente lhe devo declarar que não estou de modo nenhum habituada a auditórios de cem mil. Até hoje tenho sido apenas uma autora de romances de modesta tiragem; é verdade que venho há anos freqüentando a minha página de jornal; mas você sabe o que é jornal: metade do público que o compra só lê os telegramas e as notícias de crimes e a outra lê rigorosamente os anúncios. O recheio literário fica em geral piedosamente inédito. E agora, de repente, me atiram pelo Brasil afora em número de 100.000! Não se admire portanto se eu me sinto por ora meio “gôche”.

Dizem-me, também que você costuma dar sua preferência a gravuras com garotas bonitas a contos de amor, a coisas leves e sentimentais. Como, então, se isso não é mentira, conseguirei atrair o seu interesse? Pouco sei falar em coisas delicadas, em coisas amáveis. Sou uma mulher rústica,muito pegada à terra, muito perto dos bichos, dos negros, dos caboclos, das coisas elementares do chão e do céu. Se você entender de sociologia, dirá que sou uma mulher telúrica; mas não creio que entenda. E assim não resta sequer a compensação de me classificar com uma palavra bem soante.

Nasci longe e vivo aqui no Rio, mais ou menos como num exílio. Me consolo um pouco pensando que você, sendo no mínimo cem mil, anda espalhado pelo Brasil todo e há de muitas vezes estar perto de onde estou longe; e o que para mim será saudosa lembrança, é para você o pão de cada dia. Seus olhos muitas vezes ambicionarão isto que me deprime, — paisagem demais, montanha demais, panorama, panorama, panorama. Tem dia em que eu dava dez anos de vida por um pedacinho bem árido de caatinga, um riacho seco, um marmeleiral ralo, uma vereda pedregosa, sem nada de arvoredo luxuriante, nem lindos recantos de mar, nem casinhas pitorescas, sem nada deste insolente e barato cenário tropical. Vivo aqui abafada , enjoada de esplendor, gemendo sob a eterna, a humilhante sensação de que estou servindo sem querer como figurante de um filme colorido. Até me admira todo o mundo do Rio de Janeiro não ser obrigado a andar de “sarong”. Mas, cala-te boca; para que fui lembrar? Capaz de amanhã sair uma lei dando essa ordem.

Apesar entretanto de todas essas dificuldades, tenho a esperança de que nos entenderemos. Voltando à comparação dos casamentos de príncipe, o fato é que as mais das vezes davam certo. Não viu o do nosso Pedro II com a sua Teresa Cristina? Ele quase chorou de raiva quando deu de si casado com aquele rosto sem beleza, com aquela perna claudicante; porém com o tempo se acostumaram, se amaram, foram felizes, e ela ganhou o nome de Mãe dos Brasileiros. Assim há de ser conosco, que eu, se não claudico no andar, claudico na gramática e em outras artes exigentes. Mas sou uma senhora amorável, tal como a finada imperatriz, e de alma muito maternal. A política é que às vezes me azeda mas, segundo o trato feito, não discorreremos aqui de política. Em tudo o mais sempre me revelo uma alma lírica, cheia de boa vontade; eu sou triste um dia ou outro, não sou mal humorada nunca. E tenho sempre casos para contar, caos de minha terra, desta ilha onde moro; mentiras, recordações, mexericos, que talvez divirtam seus tédios.

Você irá desculpando as faltas, que eu por meu lado irei tentando me adaptar aos seus gostos. Quem sabe se apesar de todas as diferenças alegadas temos uma porção de coisas em comum?

Vez por outra hei de lhe desagradar, haveremos de divergir; ninguém é perfeito neste mundo e não sou eu que vá encobrir meus senões. Tenho as minhas opiniões obstinadas — você tem pelo menos cem mil opiniões diferentes — há, pois, muito pé para discordância.

Mas quando isso suceder, seja franco, conte tudo quanto lhe pesa. Ponha o amor próprio de lado, que lhe prometo também não fazer praça do meu. Lembre-se de que há um terreno de pacificação, um recurso extremo, a que sempre poderemos recorrer: fazemos uma trégua no desentendimento, procurando esquecer quem dos dois tinha ou não tinha razão; damos o braço e saímos andando por este mundo, olhando tudo que há nele de bonito ou de comovente: os casais de namorados nos bancos de jardim, o garotinho cacheado que faz bolos na areia da praia, a luz da rua refletida nas águas da baía, ou simplesmente o brilho solitário da estrela da manhã.

Depois disso, não precisaremos sequer de fazer as pazes; nos seus cem mil variadíssimos corações, como no meu coração único só haverá espaço para amizade e silêncio.

Há anos sei que é infalível o resultado da estrela da manhã.

Esta foi primeira crônica escrita por Rachel de Queiroz para a coluna “Ultima Página” na revista “O Cruzeiro”, em 01/12/1945. A escritora, que iniciou assinando “Raquel de Queiroz”, permaneceu na revista quase até suas portas serem fechadas. Esta preciosidade faz parte dos “Arquivos Implacáveis” de João Antônio Bührer, gentilmente enviada ao site: Releituras.