sexta-feira, 18 de março de 2011

Apólogo "Individualismo"

Certo dia, estava acontecendo uma numerosa reunião, na qual os lápis estavam discutindo a sua mera importância. Todos reclamavam a toda hora, sobre as ações conduzidas pelas borrachas.

- Não é certo o que está acontecendo. – disse o lápis vermelho - Nós lápis, somos obrigados a escrever, a desenhar e a rabiscar um montão de coisas. Enquanto as borrachas não estão nem aí. Elas apenas corrigem nossos erros, como se nós precisássemos delas.

-Também concordo – indagou o outro azul- Nós somos mais importantes, maiores. E não é certo termos que fazer o trabalho todo, enquanto aquelas preguiçosas ficam por ali deitadas curtindo a vida ...

E não parou por aí não, a confusão toda ainda estava começando. Já do outro lado da bolsa, as borrachas estavam também falando:

- Isso é uma calúnia, nós que sofremos demais. Somos nós borrachas que ficamos espremidinhas nas bolsinha do garoto, enquanto aqueles grandalhões ficam esticados e livres. Somos nós que fazemos o trabalho todo. Nós que corrigimos os erros deles ...

E antes mesmo de terminar a fala da borracha, já podia se ouvir os gritos das canetas brigando com os corretivos. Foi confusão pra todo lado, onde até mesmo o apontador se intrometeu:

- Cansei de viver fazendo a ponta de lápis. Eles nem ao menos agradecem o nosso favor. Sem nós, eles não poderiam escrever, teriam a vida mais curta do que já tem ...

E assim se foi, briga após briga. Até que ambos os lados entraram em um consenso. Decidiram então, fazer uma nova reunião para resolver o tal problema. De um lado a comissão das borrachas, do outro a dos lapis. Mais na frente às canetas sendo encaradas pelos corretivos. No meio os apontadores que apresentavam ser inimigos de todos. E lá no final da fila, um caderno velho que não disse uma sequer palavra ao decorrer da reunião.

Passaram-se horas e horas, até que então eles decidiram se dividir. Cada um faria o que quisesse, sem ser obrigado a nada. Ninguém mais teria que trabalhar em algo que não gostasse e muito menos teriam que depender um do outro. Pensando que tudo iria dar certo, eles concordaram. Mais isso seria apenas o começo de um novo problema.

Depois de alguns dias sem escrever nada, os lápis ficaram ocos. Os apontadores já não faziam mais pontas e assim enferrujaram. As borrachas então, estavam cada vez mais pretas e sujas. As canetas e os corretivos, nem se fala. Os dois ficaram fora de validade se tornando assim inúteis .

Era tempo de férias na escola. Foram quase dois meses sem ao menos se exercitar. Porém, chegando o dia de aula do menino, dono de todas as canetas, lapis, borrachas e corretivos que ali estavam, percebeu a grande inutilidade de todos. Esse objetos já não estavam como antes. Aparentavam ser velhos e sujos.

Resolveu então, trocá-los por coisas novas. E assim fez. Jogo-os no final da gaveta e os deixou trancados lá. Quando o menino saiu, todos começaram a gritar e a perguntar o que havia acontecido. E dessa vez, não aguentando mais a idiotice dos objetos, o caderno pois se a falar:

-Agora é tarde pra tanto choro. Vocês fizeram a maior besteira da suas vidas. Todos são importantes pelo trabalho e pela função que ocupam. Dependiam um do outro para seguirem firme na vida. Mais não pensaram assim. Resolveram se dividir e se separar. Agente não deve fazer só o que quer. E sim o que precisa. Estamos no meio de uma corrente, onde cada um é ligado ao próximo. Devemos agir de acordo como a vida determina, porque se algum momento você falhar os amigos e parente lhe corrigiram e o ajudaram a seguir. Mas se estivermos sós, pararemos e seremos esquecidos ou substituídos por outros demais.


Autora: Luana Lessa Sena - Aluna 9º C
Apólogo contado na abertura do Projeto Literatura em Minha Casa

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